sexta-feira, 1 de junho de 2012

1º de junho - Dia Nacional da Imprensa

Como uma forma de homenagear os primeiros profissionais da imprensa amapaense, escolhi a primeira parte de uma exposição apresentada por papai no

CONSELHO ESTADUAL DE CULTURA

A IMPRENSA NO AMAPÁ

Exposição feita pelo Conselheiro Hélio Pennafort na Reunião do dia 25 de maio de 1994.

Pelo que nos conta a História, a imprensa escrita no Amapá apareceu em 15 de novembro de 1895 com o jornal “Pinsonia”, editado pelo macapaense Joaquim Francisco de Mendonça Júnior. Depois circulou o “Correio de Macapá”, fundado pelo maranhense Jovino de Albuquerque Dinoá, a partir de 3 de maio de 1916. Pelo que se sabe, a existência desses dois jornais teve pouca duração.
Com a criação do Território Federal, o Governo colocou em circulação o jornal “Amapá”, editado pelo Serviço de Imprensa e Propaganda do Gabinete do Governador, com os objetivos de publicar os atos do governo e noticiar os fatos mais importantes que ocorriam no Território e no País, com pequenos e irregulares espaços destinados também a notícias internacionais.
No primeiro número, que circulou no dia 19 de março de 1945, o governador Janary Nunes ocupou grande espaço na primeira página para uma apologia ao Caboclo da Amazônia. Em certos trechos desse artigo, ele descamba para a poesia, ao dizer, por exemplo, que se a mãe não pôde amamentá-lo, o recém-nascido caboclo “toma caribé ou mingau de macaxeira e, não raro, antes do primeiro aniversário, já bebeu a cuia do açaí ou da bacaba e provou o sabor do charque rançoso e do pirarucu seco”. Também nesse jornal saiu a notícia do projeto de construção da Trans Amapá, “cujo traçado inicial foi feito pelo general Rondon, ligando os vales dos rios Amazonas e Oiapoque”, saindo de Macapá para Clevelândia. Fica-se então sabendo que Trans Amapá foi o primeiro nome da BR-156.
O esquema de circulação do jornal “Amapá” era perfeito. Com o apoio das prefeituras municipais, era lido em todo o interior do Território, aonde chegava com alguns dias de atraso por causa da irregularidade nos meios de transportes.

O primeiro diretor do “Amapá” foi o jornalista Paulo Eleutério Cavalcanti de Albuquerque e a equipe de redatores foi formada por funcionários do Governo, lotados na Secretaria Geral do Território. O jornal tinha também colaboradores ilustres. Entre eles os governadores Janary Nunes, Pauxy Nunes e Ivanhoé Martins. O general Ivanhoé Martins, vale destacar, foi um dos governadores mais cultos que o Amapá possuiu. Foi professor da Escola Militar, tendo como um de seus alunos o presidente Emílio Garrastazu Médici. Foi Adido Militar do Brasil na França e conferencista da Escola Superior de Guerra. Ivanhoé comparecia com regularidade às páginas do “Amapá” com longos artigos onde analisava fatos atuais da vida brasileira e aproveitava para distribuir lições de civismo e incentivar o amor à Pátria. Foi durante o Governo do General Ivanhoé Martins que a Imprensa Oficial teve as suas instalações ampliadas e os equipamentos modernizados o que possibilitou o aumento da tiragem do “Amapá”, que passou a circular obrigatoriamente em todas as repartições do governo e entidades particulares, por recomendação expressa do Governador.
Grandes nomes do jornalismo amapaense passaram pela redação do “Amapá”. Álvaro Cunha, Armando Cunha, Alcy Araújo, Danilo Du Silvan, Carlos Cordeiro Gomes, Ezequias Assis, Ernani Marinho, Arthur Néri Marinho, para citar os que me chegam agora à lembrança. E entre os colaboradores de grande bagagem intelectual, destacamos a figura do Dr. Aurélio Távora Buarque, que deu uma grande contribuição à memória regional com seus brilhantes textos sobre a História do Amapá.
Houveram várias tentativas de mudar a forma e mesmo a linha editorial do “Amapá”. No fugaz governo de José Francisco de Moura Cavalcanti, retiraram as letras góticas do título, que também foi substituído por “Amapá-Jornal”. Mas depois o jornal voltou à sua forma original, permanecendo com ela até sair definitivamente de circulação no início dos anos 70.
A “Folha do Povo” foi outro jornal que circulou em Macapá durante a fase do Amapá Território. Mais precisamente entre os anos 58 e 63. O seu objetivo era claro. Exerceu feroz oposição aos governadores Pauxy Nunes e Terêncio Porto. Saiu de circulação quando encerrou o período administrativo do Governador Terêncio.
A História da Imprensa do Amapá não pode ser escrita, porém, sem uma menção honrosa à “A Voz Católica”, um jornal que em determinada fase chegou a ser considerado o mais intelectualizado de toda a Amazônia e ficou conhecido também pela força que desempenhava como instrumento formador de opinião num momento especialmente delicado da vida amapaense.
Padre Caetano Maiello.
O jornal teve origem no longínquo Oiapoque. A paróquia daquele município fazia circular “O Ideal”, editado pelo padre-coadjutor Jorge Basile, o que motivou o Bispo Prelado Dom Aristides Piróvano a criar um órgão oficial da Prelazia de Macapá. Para isso, mandou buscar o padre Jorge Basile em Oiapoque, entregando-lhe a tarefa de fazer um jornal católico que tivesse como lema “A Caridade e a Verdade”.
O jornal foi também dirigido pelo padre Caetano Maiello e teve como colaboradores nomes de expressão na literatura e no jornalismo. Sebastião Cunha, Derossy Araújo, Elson Martins, Tito Guimarães, Ciro Pennafort, Artur Rafael, Fernando Canto e tantos outros mais misturavam artigos de opinião, crônicas saborosas e poemas romântico-realistas com notícias paroquiais, programas de festividades de santos padroeiros, e informes comunitários.
A distribuição ficava por conta das paróquias. E quando o jornal trazia algum artigo ou alguma reportagem que merecesse análise profunda do ponto de vista religioso, era lido nos sermões das missas dominicais e comentado pelo padre de modo que os fiéis assimilassem bem a mensagem que o jornal queria transmitir a seus leitores. 


Elson Martins.
Dessa maneira, pela sua posição de vanguarda, pela presença constante da Literatura, da História, da Poesia, do entretenimento, a “Voz Católica”, decididamente, foi um dos mais importantes semanários que já circulara pela Amazônia, com repercussão em outros Estados brasileiros e até mesmo no exterior. Valeu o esforço da sua equipe de colaboradores, que trabalhava gratuitamente, movida apenas pelo desejo de fazer algo de positivo para a formação religiosa, política e cultural da nossa gente.

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