segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Igarapé do Lago - São Sebastião

Igarapé do Lago celebra com batuque o dia de São Sebastião.



Distante 87 km de Macapá, a comunidade de Igarapé do Lago é composta, na sua maioria, por descendentes de escravos. Às margens do lago do mesmo nome, esta tem o batuque como sua forma máxima de expressão popular.
As festividades em louvor a São Sebastião de dividem em duas partes: uma religiosa e outra profana. A primeira começa no dia 11 de janeiro se extendendo até o dia 20 e consiste em novenas nas casas dos moradores. Já as festividades profanas se dão no primeiro final de semana após o dia 20, quando é dançado o batuque.
Neste, os tocadores de tambor ficam no centro do salão junto com os cantadores que entoam o modo de viver do povo. Ao redor deles, os dançantes giram com suas roupas coloridas e repetem o coro.


O encontro de gerações durante o batuque é a certeza que esta tradição se manterá.


Uma vez que o coro e as estrofes cantadas não têm registros impressos, os mais velhos repassam para as gerações mais novas da comunidade "puxando o coro" e estas o repetem.

Na foto, o olhar atento da adolescente para aprender e não se perder na letra.

 O Governo do Estado incentiva tal festividade com uma verba destinada à compra de alimentação, vestimentas usadas durante a dança, prêmios para os vencedores das várias competições que compõem uma programação extensa e variada durante o período do evento. Torneios de futebol masculino e feminino, corrida de cavalo, argolinha, são algumas destas atividades.
Professora Lucinete Picanço é uma das moradoras da comunidade. Formada em Magistério pelo Instituto de Educação do Amapá ( IETA ), ela nasceu e foi criada lá. Só saiu do Igarapé do Lago para estudar. Hoje, graças à flexibilidade do calendário escolar que as universidades particulares oferecem através do ensino modular esta bela e inteligente professora pode morar e trabalhar na sua comunidade natal e progredir com sua carreira nos meses de férias.


Lucinete, moradora do Ig. do Lago cursa Licenciatura em Letras
em uma faculdade de Macapá.
Lucinete fotografa  e fornece informações sobre a festividade.


Esta foto eu dedico à Mariléia Maciel.


Querida Mariléia, olha que registro lindo! Que momento maravilhoso este que eu vivenciei lá no Igarapé do Lago: uma criança ( minha filha, Flávia ) fotografando outra criança. Ambas preservando o que de importante temos em nossas vidas: a nossa tradição, aquilo que somos.







Igarapé do Lago: um luxo só!
Fotos: Flávia Pennafort






Minha filha Paula se diverte com o banho de lama que tomamos ao passarmos por um caminhão que vinha no sentido contrário.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Aniversário do Hélio Pennafort

Papai, na Rádio Educadora ( década de 70 )



Se papai fosse vivo, teria completado ontem, 21 de janeiro, 72 anos. Nascido e criado no Oiapoque era o filho mais velho do segundo casamento de minha avó Bibo com meu avô, Roque.



Segundo meu tio Ciro Pennafort me contou uma vez, papai, quando criança, valia-se da astúcia própria de irmãos mais velhos: escondia-se atrás das portas para dar “cacholetas” ( eu acho que é assim que se escreve ) no desprevenido tio Ciro, cujas orelhas de abano eram uma verdadeira tentação ao espírito malino que habita em garotos.



Adorava o Oiapoque, mas sempre dizia que um dos lugares mais bonitos do Amapá era Cachoeira Grande ( entre os municípios de Amapá e Calçoene )..."Temos num só lugar a cachoeira, a praia e o bosque"... assim justificava.



Com um gosto impecável para música era um ardoroso fã de Chico Buarque. “Roda Viva” era sua composição favorita. E embora sem nenhum conhecimento teórico de música erudita, era um tremendo ouvido para esta, a ponto de ir às lágrimas nas primeiras notas de “Tristesse” ( F. Chopin ).
 
Roda Viva ( Chico Buarque )

Tem dias que a gente se sente

Como quem partiu ou morreu

A gente estancou de repente

Ou foi o mundo então que cresceu.



A gente quer ter voz ativa

No nosso destino mandar

Mas eis que chega a roda viva

E carrega o destino prá lá.



Roda mundo roda gigante,

Roda moinho roda pião

O tempo rodou num instante

Nas voltas do meu coração



A gente vai contra a corrente

Até não poder resistir

Na volta do barco é que sente

O quanto deixou de cumprir

Faz tempo que a gente cultiva

A mais linda roseira que há

Mais eis que chega a roda viva

E carrega a roseira pra lá.



A roda da saia mulata

Não quer mais rodar não senhor

Não posso fazer serenata

A roda de samba acabou.

A gente toma a iniciativa

Viola na rua a cantar

Mais eis que chega a roda viva

E carrega a viola pra lá



O samba, a viola, a roseira

Um dia a fogueira queimou

Foi tudo ilusão passageira

Que a brisa primeira levou

No peito a saudade pratica

Faz força pro tempo parar

Mas eis que chega a roda viva

E carrega a saudade pra lá
 
Papai e mamãe ( Rita Pennafort ), nos primeiros anos de casados.

Cerâmica - Maruanum

Como estou de férias, esta semana me dei ao luxo de ir ao Carmo do Maruanum comprar uma saladeira de cerâmica. Parece coisa de louco enfrentar esta estrada para comprar um utensílio doméstico vendido em muitas importadoras daqui.

Fotos: Flávia Pennafort

Mas a minha saladeira não é uma qualquer, dessas que são fabricadas aos milhares. Ela é especial porque é feita pelas mãos de uma doce artesã daquela comunidade, que misturando o barro com a casca do Caripé* não poupa habilidade em moldar tigelas, vasos, copos, colheres, fogões, caramuchés... Cara.... o quê?? É, eu tampoco o conhecia. Caramuché parece nome de bicho, tem até a forma de um porco, mas é somente uma lamparina feita de barro: joga-se o azeite pelo orifício de cima e coloca-se o pavio pelo bico da frente. Prontinho... É claro que o caramuché vai para a minha estante de artesanatos.

É um porco? É um vaso? É um achado arqueológico? Não! É apenas um caramuché!

As artesãs do Maruanum têm o incentivo do governo municipal que cedeu uma casa para a venda das peças de cerâmica na própria comunidade, mas podemos encontrar as mesmas peças na Casa do Artesão em Macapá.


Artesã Castorina: uma simpatia só no atendimento, explica que as peças são feitas a partir da mistura do barro com a casca do Caripé*, e depois de queimadas são vernizadas na sua parte interior com a resina da Jutaicica ( Jutaí* ). A camada de verniz além de dar uma sofisticada aparência nas colheres e tigelas também facilita a higienização das mesmas.


Verde e com um relevo um tanto íngreme. É assim o trecho Macapá - Maruanum, da rodovia BR156 

*No dicionário Aurélio, temos a definição de Caripé como: [do tupi, possivelmente] Arvoreta da família das rosáceas ( Licania scabra ), de flores pequenas, panículas auxiliares ou terminais,com sépalas de pêlos alvos.
 
*Jutaí: ( Jataí ) Árvore da família das leguminosas ( Hymenaea courbaril ) da Amaz. e N.E.,. de folhas com dois foliolos coriáceos, flores vistosas, amarelas e mais ou menos cimosas, e cujo fruto é grossa e longa vagem que contém arilo farináceo comestível. O tronco cede resina adequada à fabricação de verniz.
 
 
Residência na comunidade do Carmo do Maruanum



Os campos verdejantes às margens da BR156, no trecho Macapá - Maruanum é um capítulo à parte: merecem destaque por mais parecerem um tapete. É uma pena as garças não chegarem mais perto para um "close".


segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Rio Macacoari - Itaubal


Fotos: Flávia Pennafort

Para que gosta de remar e é amadora, como eu e minhas filhas uma boa opção é ir praticar no rio Macacoari ( ou Macacoary ).

A vegetação fecha as palmas das mãos para abrigar o rio. É essa a impressão que temos ao ver o rio completamente cercado pela densa vegetação. O bom disso tudo é que faz uma sombrinha gostosa que nos dá ânimo para continuar a remar mata adentro.

O acesso até ele a partir de Macapá pode ser pela estrada Ap070 ( Macapá-Curiaú-Pacuí ).




É perfeito para remar pois as águas são bem mansas e quem é pouco experiente não vai ter dificuldade nenhuma
para seguir adiante e vislumbrar a imensa floresta e ouvir o canto dos pássaros.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Curiaú - Parte II



Curiáu e sua curvas sinuosamente verdes

Dias atrás eu publiquei um texto do Fernando Canto sobre o Curiaú e agora, com o começo da estação chuvosa a paisagem do local já está se transformando em campos de um verde aveludado sem fim. A fauna, como era de se esperar também aumentou: garças, marrecos, entre outros, dividem os campos com os búfalos. Completando assim um cenário que vale a pena ser visto de perto. Como eu tenho uma fraqueza muito grande por paisagens não resisti em publicar mais.

Toda a APA do Curiáu é bem limpa e conservada, como seus moradores levam um estilo de vida simples não há poluição na área. Algumas famílias ainda têm na caça e na produção de mandioca para fabricação de farinha a provisão para seu sustento.



A área das casinhas foi recentemente reformada e está convidativa
 para uma tarde ou manhã de lazer com a família.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Aniversário da Boêmios do Laguinho


Escola de Samba Boêmios do Laguinho

Boêmios do Laguinho comemorou mais um aniversário fazendo história no carnaval amapense. No último dia 2, na quadra da escola, uma extensa programação encheu de alegria a noite no nosso bairro e culminou com uma homenagem a Nega Vânia, que há dez anos é rainha da bateria. E é claro, a apresentação do samba de enredo 2010: "Índio que te quero lindo".
A  Associação Universidade de Samba Boêmios do Laguinho foi fundada em 2 de janeiro de 1954, por um grupo de boêmios reunidos em uma residência da avenida Mãe Luzia, no bairro do Laguinho. Na reunião de fundação, estiveram presentes Mestre Bené, Francisco Lino da Silva, Cabecinha, Mestre Falconeri, Joaquim Ramos, Chicão Ramos, Ubiraci Picanço, Nonato Sena, Matapi, Martinho Ramos, entre outros.

Em 1963, sagrou-se campeã do primeiro carnaval de rua oficial do Amapá.
É a agremiação carnavalesca com o maior número de títulos da história do carnaval amapaense: 17 no total, sendo dezesseis no Primeiro Grupo (1963, 1964, 1967, 1969, 1970, 1974, 1975, 1977, 1979, 1980, 1982, 1984, 1986, 1992, 1995 e 2001) e um no Segundo Grupo (1999).