segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

O Povo Daqui – PARTE I

Flávia e eu começamos a traçar as características do modo de viver do nosso caboclo, o nosso povo da floresta. A parte I do “ Povo Daqui” trata do local de habitação deste.

Quanto ao local da habitação podemos dividir em três: os que moram às margens das estradas; os ribeirinhos ( margem dos rios ); os que moram nas comunidades/vilas/distritos interioranos.

Às margens das estradas:

As casas

São construídas com o que a floresta tem a oferecer: madeira e folhas que depois de secas, se transformam em palha.

Fotos: Flávia Pennafort


Caieira

Forno de barro e tijolos em forma arredondada edificado em cima de um buraco para queima de madeira e obtenção do carvão, tem uma entrada grande por onde é colocada a madeira e um orifício em cima, que faz as vezes de chaminé, por onde sai o excesso de fumaça.


Esta verdadeira edificação dá independência ao caboclo pois o carvão resultante é o combustível viável para cozer os alimentos. E dependendo do local ou da época pode gerar uma fonte de renda/troca. Em meus tempos de infância aqui nas bandas do Laguinho, eu tinha amigos cujos pais construiam caieiras em casa. Mas não eram como desta da foto: eram feitos buracos no chão onde a madeira era jogada e queimada formando uma verdadeira fornalha, e a cobertura eram tábuas dispostas lado a lado. É óbvio que essa construção era um verdadeiro perigo para as crianças que corriam pelos quintais dos vizinhos e chegavam a pular as caieiras numa demonstração de valentia.

Trilhas

Nos tempos de turismo ecológico imaginamos uma trilha com setas para a esquerda, direita, indicando a trilha “da onça”, “do veado”, “lanchonete”, “banheiros”. Mas a trilha do nosso caboclo é esta abaixo.



São os caminhos do trabalho: “pavimentados” com pés e terçados, por onde o caboclo sai para a caça e a coleta dos frutos, castanhas, extração de madeira, ou seja, tudo o que a floresta oferece para a sobrevivência deste.

E se um nativo falar que tal trilha é a “trilha da onça” as Hélidas da vida jamais andarão por ela.


Açaizeiros provém além do vinho, o palmito.

A natureza é generosa com o povo da Amazônia. Talvez seja por isso que a ambição e a cobiça não faça parte do caráter do povo daqui. Temos uma visão dominante de que o caboclo ou o índio são ociosos. Mas isso de maneira alguma é verdade.  Á questão é que tamanha generosidade não infla o desejo de posse ou acumulação de bens.

Arqueologia no Amapá – PARTE I.

Inscrições rupestres em Ferreira Gomes

Nem todos sabem, mas o Amapá tem sítios arqueológicos. Chega a ser desnecessário afirmar que estes são interessantes, pois, afinal de contas, qual sítio arqueológico não é muito interessante?
Na região do Tracajatuba, a poucos quilômetros de Ferreira Gomes, foram encontrados desenhos rupestres em baixo relevo em rochas a céu aberto.

Fotos: Flávia Pennafort


A desoberta é recente e desde 1996 arqueólogos do museu paraense "Emílio Goeldi" vêm até o local para fazer estudos das inscrições. O local veio a ser conhecido como Pedra do Índio.

As figuras mais compreensíveis



Quando vi estas três cruzes lembrei da parte da constelação de Órion popularmente conhecida como "Três Marias"

Ao observar as imagens, vêm à mente o que significam e o porquê das pessoas que viveram naquela região terem o árduo trabalho de gravar em rochas de origem magmáticas tais figuras. É claro que o desenho é uma forma de expressão, desenhamos aquilo que vemos, que gostamos, que queremos deixar. Mas o gostoso de conhecer esses locais é que ficamos intrigados por não compreendermos exatamente o significado dos mesmos. É claro que as três cruzes são bem claras para uma pessoa leiga. Seriam constelações? Provavelmente. Estudos arqueológicos esclarecem que o homem tinha por hábito desenhar corpos celestes ( sol, lua estrelas, etc ), suas atividades cotidianas ( caça, rituais de dança, )

Com relação a essas inscrições nada de certo ou unânime foi declarado pela equipe científica que se dedica ao estudo.

Aliás o que de certo temos a respeito dos desenhos rupestres?




“Barba-de-bode” é assim que é chamada a vegetação rasteira que predomina na área
do sítio arqueológico da Pedra do Índio.



Agradeço a atenção recebida por parte do Professor/Historiador José Farias,
do Museu Joaquim Caetano da Silva