quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Curiaú - Texto de Fernando Canto

A doze quilômetros de Macapá, situa-se ao norte a localidade de Curiaú, um povoado habitado por negros nemanescentes de escravos, que ali, originalmente formaram um quilombo para refugiarem-se dos maus tratos a que eram forçados na época da construção da bicentenária Fortaleza de São José de Macapá, na segunda metade do século XVIII.


Devido a distância que separa os dois pequenos núcleos populacionais da comunidade, esta possui duas denominações: Curiáu de Dentro e Curiaú de Fora. Ambos vivem de uma cultura de subsistência, através do extrativismo vegetal e animal bem como da produção de diversos cultivos agrícolas e da pecuária. A farinha de mandioca ali produzida é considerada a mais gostosa das redondezas.
O Curiaú de Dentro, distante cerca de um quilômetro do Curiaú de Fora, se caracteriza pela exuberância de um grande lago natural. A bonita paisagem com nuances de verde contrasta com búfalos e com a plumagem das variadas espécies de aves que dele fazem seu habitat. Na época das chuvas o lago fica cheio como um grande lençol verde. No verão ele seca, ficando somente um igarapé de água corrente onde banhistas para lá se dirigem aos fins de semana e feriados. Já no Curiaú de Fora, a beleza é marcada pela vegetação típica do cerrado, tendo ao seu redor várias “ilhas” de mato em forma circular.

Apesar da aparência das construções, a Vila do Curiaú não é, como se pensa, uma sociedade primitiva, mas sim um lugar politicamente organizado, onde seus habitantes são profundamente devotos de várias imagens católicas e tradicionalmente as festejam com fé e veneração.

Igreja de Santo Antônio - Vila do Curiaú


quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Meu batizado


Eu acho que é comum nesta época do ano que um sentimento de nostalgia tome conta de todos. Acontece comigo todos os anos. E como sempre, no mês de dezembro eu faço a famosa faxina de final de ano, quando jogo fora tudo o que já não me interessa mais e escolho novos lugares para fotos, papéis, documentos importantes  etc. Na minha faxina estou colocando em ordem as centenas de fotos de meus filhos e no meio delas encontrei esta, do meu batizado. Gostaria de compartilhar com a família e com meus amigos esta "recordação".



Minha madrinha Naíde Farripas, apresentadora das Historinhas para a Gurizada e responsável pela recepção da Rádio Educadora: grande amiga de meus pais. E o meu padrinho: padre Caetano Maiello

Caetano Maiello foi um dos diretores da “Voz Católica”e coordenador do grupo que implantou a Rádio Educadora. Para as gerações mais novas devo explicar que a “Voz Católica”, segundo meu pai “teve origem no longínquo Oiapoque. A paróquia daquele município fazia circular “O Ideal”, editado pelo padre-coadjutor, Jorge Basile, o que motivou o Bispo Prelado Dom Aristides Piróvano a criar um órgão oficial da Prelazia de Macapá. Para isso mandou buscar o padre Jorge Basile em Oiapoque, entregando-lhe a tarefa de fazer um jornal católico que tivesse como lema “A Caridade e a Verdade”.


… Pela sua posição na vanguarda, pela presença constante da literatura, da História, da poesia, do entretenimento, a “Voz Católica”, decididamente foi um dos mais importantes semanários que já circularam pela Amazônia, com repercussão em outros Estados brasileiros e até mesmo no exterior. Valeu o esforço da sua equipe de colaboradores, que trabalhava gratuitamente, movida apenas pelo desejo de fazer algo de positivo para a formação religiosa, política e cultural da nossa gente.”


Já “a Rádio Educadora São José de Macapá entrou em funcionamento no dia 2 de agosto de 1968. Embora fosse de propriedade da então Prelazia de Macapá, a linha de programação da emissora era bem avançada para a época e não se prendia aos limites da religião. Para se ter uma idéia, a maioria dos programas era voltada para a formação intelectual e política, veja bem, num tempo em que vivíamos em pleno regime de exceção, com o AI-5 exigindo censura prévia, sobretudo nos programas caráter jornalísticos.


A equipe pioneira que atuou na Rádio Educadora recebeu treinamento intensivo nos três meses que antecederam a entrada da emissora no ar, simulando todos os programas, de modo que, quando a rádio começou a funcionar para valer, não existia mais segredo para o elenco da Educadora, que tinha o prefixo ZYA-52 e o seu slogan indicava a própria finalidade da emissora: Educação, Informação e Diversão para o povo do Território.”


A Educadora notabilizou-se por ter adotado um tipo de jornalismo arrojado e inovador e também por ter sido a pioneira e levar ao ar programas de cultura popular produzidos nos próprios locais onde o evento ocorria.


Pela primeira vez os problemas locais podiam ser debatidos abertamente pelo público, através do programa “Um Tema na Ordem do Dia”, que também apresentava reportagens especiais feitas pelo interior, em lugares cujos costumes eram até então desconhecidos da maioria da população.

Padre Jorge Basile e eu no Círio de Nazaré de 1974.